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terça-feira, 28 de junho de 2011

Onde Os Fracos Não Tem Vez

Os irmãos Coen sempre surpreende, não importa o gênero de seus filmes, isso eu já pude ver que é fato. O longa ‘Onde os Fracos Não Tem Vez’ é uma espécie de faroeste moderno com uma perfeita mistura de drama, com a vastidão árida do Texas. Uma mala cheia de dinheiro, um homem comum, alguns “fora-da-lei” e grandes doses de sarcasmo e cinismo. Assim é esse longa dirigido e escrito pelos irmãos Ethan e Joel Coen.
O longa se passa nos anos 80, narrando o momento em que o calado Llewelyn Moss (Josh Brolin), ao caçar em pleno deserto, encontra um cenário apavorante, onde cinco caminhonetes abandonas com vários cadáveres em volta. Um carregamento de drogas e uma maleta cheia de dólares. Porém, o simples cidadão tem sérios problemas para manter o dinheiro em seu poder, já que a mala está sendo procurada por Chiguhr (Javier Bardem), um psicopata que mata as suas vítimas com uma potente arma de ar comprimido. No meio desse jogo de gato e rato está a figura enigmática do xerife Bell (Tomy Lee Jones), um homem calejado que parece já ter visto de tudo nessa vida.

É difícil apontar um ponto alto em tudo isso, roteiro, fotografia, trilha, atuações impecáveis. Sem contar várias cenas que se você prestar atenção vai ver uma grande ligação com os filmes de faroeste do passado, um delas é quando o personagem de Josh Brolin encontra as caminhonetes abandonadas, elas estão quase em círculo, praticamente a mesma formação que as antigas carroças dos pioneiros usavam para se defender dos ataques indígenas.

Você pode até ter a ideia de mais um clichê do cinema onde o mocinho encontra o dinheiro e é perseguido até o final pelo vilão. Porém, O diferencial de ‘Onde os Fracos Não Têm Vez’ não está no conteúdo em si, mas sim, na forma pela qual a história é (re)contada. Mais uma vez, os Coen recriaram um universo de tipos impagáveis, com personagens fascinantes que trafegam livremente pela finíssima linha que divide a lei da marginalidade, vida da morte, o sucesso absoluto e total. E sempre com a marca registrada dos irmãos, o cinismo.

Com uma ótima estética de faroeste, o filme flutua pelo drama sanguinário junto a comédia sarcástica. O ritmo é contemplativo, sem pressa alguma e – raridade hoje em dia – quase não recorre a trilha sonora. E com diálogos fascinantes, mas uma vez tenho que falar do roteiro, original e muito bem amarrado.

Chega a ser estranho um filme com tão poucas concessões comercias tenha recebido oito indicações para Oscar, levando quatro delas por Melhor Filme, Melhor Diretor (Ethan e Joel Coen), Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Roteiro Adaptado.

Sem dúvida nenhuma todas as premiações foram merecidas. Recomendo ‘Onde os Fracos Não Tem Vez’ para todos, principalmente para aquele que gosta muito mais de cinema que de Oscar. Esse longa merece ser assistidos inúmeras vezes. Muito bom!

Nota: 9
Download: ‘Onde Os Fracos Não Tem Vez’



Título original: (No Country for Old Men)
Lançamento: 2007 (EUA)
Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen e Joel Coen, baseado em livro de Cormac McCarthyDuração: 122 min
Gênero: Faroeste/Drama
Distribuidora: Miramax Films / Paramount Pictures


Elenco:

Tommy Lee Jones (Ed Tom Bell)
Javier Bardem (Anton Chigurh)
Josh Brolin (Llewelyn Moss)
Woody Harrelson (Carson Wells)
Kelly Macdonald (Carla Jean Moss)
Garrett Dillahunt (Wendell)
Tess Harper (Loretta Bell)
Barry Corbin (Ellis)
Beth Grant (Agnes)
Kit Gwin (Molly)
Rodger Boyce (Xerife de El Paso)


Curiosidades:

- O título original é baseado no poema "Sailing to Byzantium", de W.B. Yeats;

- Heath Ledger chegou a negociar sua participação no filme, mas decidiu abrir mão dele para poder descansar um pouco;

- Este é o 1º de três filmes em que os irmãos Coen e Josh Brolin trabalharam juntos. Os demais foram Cada Um Com Seu Cinema (2007) e Bravura Indômita (2010);

- Segundo Tommy Lee Jones os irmãos Coen queriam rodar o filme inteiramente no Novo México, devido aos impostos do estado, mas ele os convenceu a realizarem as filmagens no Texas;

- Os irmãos Ethan e Joel Coen assinam a edição sob o pseudônimo Roderick Jaynes.

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