Sem Destino

Clássico!

O filme ‘Sem Destino’ (Easy Rider), não pode ser tratado de outra forma, é um verdadeiro clássico, com direção de Dennis Hopper, o longa mostra toda contra cultura americana, tenho a certeza que alguém que soube viver os anos doidos da década de 60 e 70, no mínimo ficou louco ao rever alguns fatos ou até mesmo a trilha sonora perfeita que percorre ao longo do filme.

Mas não só dirigido por Dennis Hopper, como atuado pelo mesmo, mas no longa ainda tem presença da lenda Peter Fonda (responsável pelo roteiro) e o ótimo Jack Nicholson.

Aos apaixonados por motociclismo e pela liberdade do vento batendo no rosto, sabe muito bem, que esse é o FILME, a vontade de pegar uma moto e cair na estrada sem destino algum é enorme, depois de ver como é realmente viver sem se preocupar com absolutamente nada. O espectador é envolvido numa trama muito bem costurada, com um roteiro impecável, que envolve motos, sexo, Rock n’ Roll, drogas e a supremacia de ser você mesmo, (não necessariamente nessa ordem), mas é o estilo onde você vê que pode falar, pensar e agir da maneira que você bem entender.

O longa já começa com dicas de que os próximos minutos, serão cheios de suspense, violência, drama, ótimas imagens da natureza e das estradas, que remetem a total liberdade vivida pelos personagens. Isso tudo acontece com uma trilha sonora impecável, com grandes nomes de bandas como: Steppenwolf, Jimi Hendrix com a música "If Six Was Nine", Fraternity Of Man, The Byrds com "Wasn’t Born To Follow", e contribuições de Roger McGuinn, uma delas é a importante "Ballad Of Easy Rider". A fotografia do filme é outro grande destaque que dispensa comentários, assim como o figurino.

A trama corre pelo desejo dos amigos Wyatt ou 'Capitão América' (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) em conhecer uma América diferente do que ambos imaginam. Eles então compram uma grande quantia de cocaína de um mexicano, por uma ninharia, e vendem para um americano (protagonizado por Phil Spector) .pelo o triplo do preço, em um Rolls-Royce. Com o dinheiro da venda armazenado em mangueiras dentro dos tanques de gasolina, eles vão rumo à Leste na tentativa de chegar em Nova Orleans, na Luisiana, em tempo para o Mardi Gras. Eles trocam suas motos velhas por duas Harley Davidson modelo Chopper, e caem na estrada, com a roupa do corpo, degustando o sabor da liberdade, sem preocupações, sem fronteiras, e sem limites. Seguem viagem pelo simples prazer de estar rodando em cima de uma moto. Os nomes dos personagens foram inspirados nos fora-da-lei mais conhecidos do velho-oeste americano: Wiatt Earp e Billy The Kid. Isso tudo acontece em menos de três minutos, sem abertura, sem letras, sem introdução ao filme. Então, logo após vem à cena que é uma das mais importantes da história do cinema: assim que os dois rebeldes começam a jornada, Wiatt, já em cima de sua Chopper, tira o relógio do pulso, e arremessa no chão, dando o clima certo da aventura que virá pela frente. Aceleram os motores, e as motos tomam conta do asfalto quente, e logo em seguida começa a tocar o clássico dos anos 60, “Born To Be Wild” do Steppenwolf. Só nesse momento é que o letreiro começa a aparecer, e então o filme começa, a essa altura do filme, o espectador já está pulando da cadeira!

Grande Clássico do cinema, e da contracultura, Easy Rider esta resmaterizado, mas nada muda, (ainda bem), sem corte, nada de censura, o longa continua brutalmente atual, exibindo de uma maneira única a crítica e o desmoronamento da sociedade, a padronização do comportamento mundial. Usando como plano de fundo a história de dois motoqueiros gente boa, de pura paz, para mostrar apenas, que até nos dias atuais, parece permanecer o pensamento primitivo de que quem é livre, merece ser eliminado.

Recomendo esse para todos, gostando ou não do tema, quem sabe alguns não deixam o preconceito de lado!

Nota: 9



Título original: (Easy Rider)
Lançamento: 1969 (EUA)
Direção: Dennis Hopper
Roteiro: Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern
Duração: 94 min.
Gênero: Drama/Aventura/Road Movie
Distribuidora: Columbia Pictures

Elenco:

Dennis Hopper (Billy ou Capitão América)
Peter Fonda (Wyatt)
Jack Nicholson (George Hanson)
Karen Black (Karen)
Phil Spector (The Connection)
Toni Basil (Mary)

Curiosidades:

- Indicado ao Oscar em 1970, nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Jack Nicholson) e Melhor Roteiro Original (Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern);

- Indicado ao BAFTA de 1970, na categoria de melhor ator coadjuvante (Jack Nicholson);

- Ganhou o prêmio do Festival de Cannes, de melhor filme de diretor estreante (Dennis Hopper);

- Indicado à Palma de Ouro;

- Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Jack Nicholson);

- O filme ocupa o 88º lugar dentre os melhores filmes norte-americanos das últimas décadas, e o 29º dentre as melhores trilhas-sonoras de filmes;

- ‘Sem Destino’ foi lançado nos Estados Unidos da América em setembro de 1969 e retornou 17 milhões de dólares do investimento de 400 mil;

- Durante as filmagens, os atores realmente fumaram maconha. Nicholson contou que na "cena do mato" ele fumou cerca de cem baseados;

- ‘Easy Rider’ foi ovacionado em Cannes, em 13 de maio de 1969. Não ganhou a Palma de Ouro, mas Hopper foi considerado o melhor diretor estreante;

- Cenas do filme foram transmitidas num tributo da banda Gorillaz à Dennis Hopper em abril de 2010, no Festival de Glastonbury na música "Fire Coming Out Of The Monkey's Head", na qual Hopper participou;

- A gênese para o filme ‘Sem Destino’ começou com uma fotografia. Peter Fonda conta: "Eu me lembro o dia em que apareci com a idéia para Sem Destino, 27 de setembro de 1967. Estava olhando uma fotografia minha e de Bruce Dem em frente a uma motocicleta. Nós parecíamos grandes, numa imagem 18x24, em contra-luz, de forma que ninguém poderia dizer que éramos nós. E isso me deu um estalo, para fazer este filme".

Fonda chamou seu amigo Dennis Hopper e disse a ele sua idéia de dois jovens experimentando a "liberdade total" enquanto cruzavam o país de motocicleta. Hopper, no cinema desde ‘Juventude Transviada’ (1955), estava pensando em abandonar a profissão de ator para se tornar professor de teatro. Fonda mudou a cabeça de Hopper, oferecendo-lhe a oportunidade de dirigir o filme.

Para financiar o projeto, Hopper pediu a seu amigo Jack Nicholson para apresentá-lo a Bert Schneider, um dos sócios da BBS Productions, uma companhia independente que lançava seus projetos pela Columbia Pictures. A BBS concordou em colocar 400 mil dólares para fazer o longa.

A produção começou com locações em Nova Orleans, em 23 de fevereiro de 1968. Juntando-se a Hopper e Fonda estavam Karen Black e a futura coreógrafa de cantora Toni Basil. Apesar de Rip Torn ter sido originalmente escolhido para fazer o papel do advogado alcoólatra George Hanson, ele acabou deixando a produção antes do início das filmagens. Jack Nicholson - que a BBS havia enviado à Nova Orleans no cargo de produtor executivo - concordou em fazer o papel. Sua atuação o transformou num astro.