Quando o assunto é história, o diretor e produtor Steven
Spielberg se encarrega de alcançar a perfeição. Foi assim com ‘A Lista de
Schindler’ (1993), 'O Resgate do Soldado Ryan' (1998), 'Munique' (2005) e o
mais recente 'Cavalo de Guerra' (2011). Sendo assim, Spielberg merece um dez
nessa matéria, porque com um blockbuster sobre a Guerra Fria, pode-se esperar
uma enésima produção enaltecendo a coragem americana diante do perigo vermelho.
Felizmente, ‘Ponte dos Espiões’ está distante da euforia militarista. Em
primeiro lugar, este é um filme didático: letreiros e personagens explicam de
modo simplificado as principais características do embate entre os Estados
Unidos e a União Soviética, para que nenhum espectador se sinta deslocado.
Spielberg tem clara preocupação em dialogar com um público amplo.
Por esta porta de entrada escolar, o filme começa a
introduzir, progressivamente, noções complexas como a soberania nacional e a
crise do patriotismo. No caso, a trama apresenta uma dupla ironia em plena Guerra
Fria: quando um espião supostamente soviético é capturado nos Estados Unidos e
outro americano é preso na URSS, o advogado especializado em seguros James
Donovan (Tom Hanks) sem ligações ao governo é encarregado de defender Rudolf
Abel (Mark Rylance), um espião soviético capturado pelos americanos. Mesmo sem
ter experiência nesta área legal, Donovan torna-se uma peça central das
negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética ao ser enviado a Berlim
para negociar a troca de Abel por dois prisioneiros americano, capturado pelos
inimigos. Ambos os países fazem questão de repatriar seus conterrâneos, mas
desprezam estes homens que foram capturados (ou seja, fracassaram em permanecer
invisíveis) e provavelmente entregaram informações confidenciais ao inimigo.
Lembrando que o roteiro segue uma história real, é louvável
o cuidado do mesmo em equilibrar os dois lados da guerra. O protagonista é
americano, (claro), mas sua principal característica é trabalhar contra a moral
vigente no país: o advogado James Donovan recusa-se a dar uma defesa fraca a
seu cliente espião, e faz o possível para inocentá-lo, como qualquer advogado
deveria fazer. As altas instâncias do direito americano são vistas como
parciais e corruptas, enquanto o povo é retratado como um grupo de ignorantes
sedentos por sangue.
Mais uma vez a parceria Spielberg e Hanks deu certo, com um
drama envolvente que faz com que o espectador se sinta em meio ao conflito de
nações que estão dispostas a fazer tudo para ter informações do inimigo, em
tempos de conflitos econômicos e comunistas. Por trás da aparência sombria e
dos momentos de humor, o roteiro está muito bem impregnado de melancolia diante
da falência do sistema moral e judicial. Não por acaso, o clímax transforma-se
de fato em um anticlímax, sem ações eletrizantes, sem grandes movimentos de
câmera, apenas um gesto simples, humano e rápido, filmado em enquadramentos
precisos. Quem esperar altas doses de ação pode ficar frustrado, mas os fãs de
diálogos afiados e suspense estratégico terão um prato cheio.
Estamos falando de um filme de guerra, ou melhor dizendo, a
Guerra Fria, atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e
conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo
o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União
Soviética (1991), um conflito de ordem política, militar, tecnológica,
econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência.
Mas deixando toda a história politica e comunista de lado,
este é mais um longa que merece total atenção para admiradores ou não da
história. Recomendo mais um grande clássico de Spielberg e Hanks.
Título original: (Bridge of Spies)
Lançamento: 2015
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Matt Charman, Joel e Ethan Coen
Produção: Steven Spielberg, Marc Platt, Kristie Macosko Krieger
Duração: 141 min.
Gênero: Drama
Orçamento: UU$ 60 milhões
Distribuidores: Fox Film do Brasil
Classificação: 14 anos
Elenco
Tom Hanks (James
B. Donovan)
Mark Rylance (Rudolf Abel)
Scott Shepherd II (Hoffman)
Amy Ryan (Mary McKenna Donovan)
Sebastian Koch (Wolfgang Vogel)
Alan Alda (Thomas Watters)
Austin Stowell (Francis Gary Powers)
Domenick Lombardozzi (Agente Blasco)
Michael Gaston (Williams)
Peter McRobbie (Allen Dulles)
Will Rogers (Frederic Pryor)
Stephen Kunken (William Tompkins)
Joshua Harto (Bates)
Edward James Hyland (juiz Earl Warren)
Marko Caka (Repórter)
Mark Rylance (Rudolf Abel)
Scott Shepherd II (Hoffman)
Amy Ryan (Mary McKenna Donovan)
Sebastian Koch (Wolfgang Vogel)
Alan Alda (Thomas Watters)
Austin Stowell (Francis Gary Powers)
Domenick Lombardozzi (Agente Blasco)
Michael Gaston (Williams)
Peter McRobbie (Allen Dulles)
Will Rogers (Frederic Pryor)
Stephen Kunken (William Tompkins)
Joshua Harto (Bates)
Edward James Hyland (juiz Earl Warren)
Marko Caka (Repórter)
Curiosidade
- ‘Ponte de Espiões’ foi indicado ao Oscar 2016 de Melhor
Filme, Ator Coadjuvante (Mark Rylance), Roteiro Original, Trilha Sonora, Design
de Produção e Mixagem de Som;
- O filme é baseado na história real do piloto Francis Gary
Powers;
- O roteiro foi escrito por Matt Charman em parceria com os
irmãos Ethan e Joel Coen;
-Esta é a segunda colaboração entre Steven Spielberg e os
irmãos Coen, Ethan e Joel. Spielberg foi produtor executivo de Bravura Indômita
(2010), cuja direção é dos Coen;
- O título do filme faz referência a uma ponte que ligava a
antiga Berlim Ocidental como o centro da cidade de Potsdam, anteriormente sob o
controle da Alemanha Oriental. O apelido "Ponte de Espiões" surgiu
nos anos 60 por conta de agências de inteligência americana e soviética, que
faziam trocas de prisioneiros em sua área;
- O pai de Steven Spielberg, Arnold Spielberg, era
engenheiro intercambista na Rússia durante a Guerra Fria, logo após Francis
Gary Powers ser abatido, quando houve um tremendo medo e hostilidade entre as
duas nações. Spielberg lembra de ter visto os cidadãos russos formarem fila
para observarem Powers e dizer "vejam o que a América fez." Quando
perceberam os engenheiros americanos, apontaram para eles e disseram:
"Olhem o que o seu país está fazendo conosco", demonstrando o medo e
a raiva que um país sentia do outro;
- A trilha sonora seria de responsabilidade John Williams,
mas o compositor foi substituído por Thomas Newman, de ‘007 - Operação Skyfall’
(2012);
- Tom Hanks e Steven Spielberg já trabalharam juntos no
drama de guerra ‘O Resgate do Soldado Ryan’ (1998), na comédia ‘Prenda-me Se
For Capaz’ (2002) e no drama ‘O Terminal’ (2004). Os dois ainda assinaram a
produção da minissérie ‘Band of Brothers’ (2001);
- Novo encontro de Tom Hanks e Steven Spielberg depois de ‘O
Resgate do Soldado Ryan’ (1998) e ‘Prenda-me Se For Capaz’ (2003);
- Foi indicado ao Globo de Ouro 2016 de Melhor Ator
Coadjuvante (Mark Rylance).
LuckyClub - Casino Site - Lucky Club Live
ResponderExcluirLuckyClub is one of the most respected and trusted independent online luckyclub.live casinos operating in the UK and offers over 500 fantastic games. Join now to get a