Total de visualizações de página

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Millennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres

Passei a conhecer David Fincher melhor depois do perfeito ‘Clube da Luta’ de 1999, passei a respeita-lo mais depois de ‘Zodíaco’ de 2007 e ‘O Curioso Caso de Benjamin Button’ de 2009, tive a certeza que ele era um ótimo diretor. Mas, após assistir ‘Millennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres eu tive que mudar de opinião, Fincher não é um simples diretor, ele é O DIRETOR, em outras palavras, um “monstro” da sétima arte.

O longa vem da trilogia de livros “Millennium”, onde formam uma obra fechada em si, como se fossem uma coisa só. O caso apresentado no primeiro volume é apenas um pretexto para apresentar os personagens cujos conflitos só serão explicados mais a fundo nas próximas histórias. Já o filme ’Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres’ não segue o mesmo raciocínio, tentando não deixar muitas pontas soltas logo no primeiro episódio. Nas adaptações cinematográficas já realizadas na Suécia houve mais fidelidade nesse sentido. No Brasil só foi lançado o primeiro dos três nórdicos.

Esse remake mostra que Harriet Vanger (Moa Garpendal) desapareceu há 36 anos, sem deixar pistas, em uma ilha no norte da Suécia. O local é de propriedade exclusiva da família Vanger, que o torna inacessível para a grande maioria das pessoas. A polícia jamais conseguiu descobrir o que aconteceu com a jovem, que tinha 16 anos na época do sumiço. Mesmo após tanto tempo, seu tio Henrik Vanger (Christopher Plummer) ainda está à procura e decide contratar Mikael Bomkvist (Daniel Craig), um jornalista investigativo que trabalha na revista Millennium. Bomkvist, que não está em um bom momento por enfrentar um processo por calúnia e difamação, resolve aceitar a proposta e começa a trabalhar no caso. Para isso, ele vai contar com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma investigadora particular incontrolável e anti social.

O didatismo excessivo foi adotado em Hollywood porque, ao contrário do caso sueco, enquanto essa nova adaptação estava em produção, não havia garantias de que os próximos livros também seriam transformados em filmes. Portanto, para evitar o fiasco de criar uma franquia de um filme só, optou-se por sacrificar um pouco das explicações que só deveriam ser dadas mais adiante. Pois bem, David Fincher se saiu bem nessa e ainda pode contar com um ótimo elenco que despensa comentários.

Daniel Craig era o protagonista, ao lado de grandes nomes como Christopher Plummer e Moa Garpendal, mas quem roubou a cena literalmente foi Rooney Mara. Ela conseguiu dar um certo realismo em seu personagem, além de muito convincente Rooney em nenhum momento deixou escapar seu jeito frio de atuar, com a ajuda de um roteiro impecável o único trabalho que ela teve foi não se deixar levar por conta do peso que estava em cena com ela a todo momento do longa. Definitivamente Rooney Mara dá uma leitura diferente de Lisbeth Salander do que a entregue pela sueca Noomi Rapace (Sherlock Holmes 2). A Lisbeth de Rooney parece um animal acuado, numa intrigante mistura de vulnerabilidade e agressividade.

Personagens fortes, mistérios e segredos de família compõem a trama articulada. Apesar dessa complexidade, há um tema que une todos os elementos. Como o título anuncia a violência contra as mulheres, ela está sempre presente no enredo. Para manter-se fiel ao tema central, o filme traz cenas fortes, que ficarão na mente do espectador por um bom tempo depois de terminada à sessão. Por isso, preparo psicológico é aconselhável.

Apesar dos méritos da fita, os fãs dos livros, da série e dos filmes suecos terão motivos para reclamar das mudanças realizadas na história. No entanto, mesmo quem não teve contato anterior com o material perceberá que os quinze minutos finais de ‘Os Homens que não Amavam as Mulheres’ são um excesso desnecessário e destoante, porém, um filme que não será esquecido facilmente.


Nota: 9
Download:
‘Millennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres’



Título original: (The Girl With a Dragon Tattoo)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: David Fincher
Produção: Ceán Chaffin, Scott Rudin, Søren Stærmose, Ole Søndberg
Roteiro: Steven Zaillian
Duração: 158 min.
Gênero: Suspense
Estúdio: Film Rites / Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Scott Rudin Productions / Columbia Pictures / Yellow Bird Films
Distribuidora: Sony Pictures
Classificação: 16 anos


Elenco

Daniel Craig (Mikael Blomkvist)
Rooney Mara (Lisbeth Salander)
Christopher Plummer (Henrik Vanger)
Stellan Skarsgard (Martin Vanger)
Steven Berkoff (Frode)
Robin Wright (Erika Berger)
Joely Richardson (Anita Vanger)
Geraldine James (Cecilia Vanger)


Curiosidades

- Baseado no primeiro livro da trilogia “Millenium”, escrita pelo sueco Stieg Larsson, composta ainda por “A Menina que Brincava com Fogo” e "A Rainha do Castelo de Ar"

- Refilmagem norte-americana de ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’;

- Do mesmo diretor de ‘A Rede Social’;

- As atrizes Carey Mulligan, Ellen Page, Kristen Stewart, Mia Wasikowska, Keira Knightley, Anne Hathaway, Olivia Thirlby, Emily Browning, Eva Green, Emma Watson, Evan Rachel Wood, Sophie Lowe (Blame), Sarah Snook (Sleeping Beauty), Léa Seydoux (Missão Impossível - Protocolo Fantasma) e Katie Jarvis (Fish Tank) estavam na lista de nomes considerados para o papel de Lisbeth Salander. Algumas desistiram da ideia, outras foram rejeitadas pelos produtores e quem acabou ficando com o personagem foi à atriz Rooney Mara;

- Natalie Portman desistiu da ideia por estar muito exausta para pegar outro projeto. Scarlett Johansson foi descartada por David Fincher ele considerá-la muito sexy. Já Jennifer Lawrence perdeu a chance por ser muito alta;

- O ator Max Von Sydow era a escolha original para viver Henrik Vanger, mas desistiu, sendo substituído por Christopher Plummer;

- Antes de fechar com Daniel Craig para viver Mikael Blomkvist, a produção teve os nomes de Johnny Depp, Viggo Mortensen, Brad Pitt e George Clooney cogitados;

- Craig chegou a desistir do papel porque as filmagens iriam coincidir com o ‘007 – Skyfall’ previsto para novembro de 2012. A sorte foi que o 23º filme de James Bond sofreu novos atrasos e aí deu tudo certo. Alívio para os fãs do ator;

- Pelo desempenho na trilogia sueca dando vida a Lisbeth Salander, a atriz Noomi Rapace chegou a ter uma campanha capitaneada por críticos, pedindo o seu retorno para o papel, mas ela mesma recusou a ideia, declarando insatisfação de repetir o mesmo personagem por três vezes nas mesmas histórias;

- A produção levou um susto quando se deparou com a presença de Ellen Nyqvist trabalhando em um restaurante onde rodavam uma cena com Daniel Craig/Mikael Blomkvist;

- A jovem é simplesmente a filha de Michael Nyqvist, que fez Blomkvist na versão sueca e acabou sendo convidada para uma participação numa cena criada para ela interagir com o sucessor de seu pai;

- O ator Stellan Skarsgård, que é sueco, aparece nesta refilmagem, mas não participou do original de 2009;

- Filmado em diversas locações, como Suécia, Suíça, Noruega e Estados Unidos;

- O diretor de fotografia Jeff Cronenweth entrou no lugar de Fredrik Bäckar após oito semanas de produção em andamento;

- O orçamento estimado foi de US$ 100 milhões;

- Ganhador do prêmio de Melhor Montagem no Oscar 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário