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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aronofsky não polemiza e premia filme russo em Veneza

'Fausto', de Aleksander Sorukov, ganhou o Leão de Ouro na 68ª edição do Festival de Veneza. O filme russo é uma adaptação moderna da obra de Goethe, e tinha torcida de boa parte da imprensa. Esteticamente perfeito e grandioso, não chega a ser uma obra-prima, mas mostrou que Daren Aronofsky, o presidente do júri, preferiu não polemizar como Quentin Tarantino ano passado e escolheu um caminho fácil: premiar um filme de diretor famoso, com história clássica, sem margem para erro.

Os filmes orientais, que não fizeram sucesso entre os jornalistas, levaram a maior parte dos prêmios - melhor diretor para Shangjun Cai, por 'People Mountain People Sea' (China - Hong Kong); melhor atriz para Deanie Yip por 'A simple life' (China - Hong Kong) e prêmio Marcello Mastroianni de 'Revelação para Shota Sometani' e Fumi Nikaido, por 'Himizu' (Japão). O ótimo 'O morro dos ventos uivantes' ganhou o prêmio de fotografia e o chato 'Alpis' o prêmio de roteiro.

Os jornalistas que acompanhavam a premiação pelo telão da sala de imprensa ficaram indignados com o Prêmio Especial do Júri dado a Emanuele Criasele e seu 'Terraferma'. O filme é bom, mas o prêmio foi considerado um exagero. Unanimidade de público e de crítica, Michael Fassbender foi ovacionado quando seu nome apareceu como o melhor ator, por 'Shame' - desde cedo o boato de que o ator voltará a Veneza exclusivamente para receber o prêmio rondou o Festival, o que foi confirmado quando Fassbender surgiu elegante e de barba para receber sua Coppa Volpi.

Na premiação, ele agradeceu ao diretor Steve McQueen, a quem chamou de "meu herói", repetindo o discurso na coletiva de imprensa que seguiu a premiação. "O Steve McQueen mudou minha vida. Ele é meu irmão, meu mentor. Devo esse prêmio a ele", disse Fassbender, que ainda ficou meia hora dando, pacientemente, entrevistas para a televisão, sempre com um sorriso generoso.

Ao contrário do ano passado, quando Tarantino precisou explicar para os jornalistas como foram escolhidos os vencedores - e o diretor americano quebrou um tabu, premiando o mesmo filme mais de uma vez - este ano Daren Aronofsky entrou mudo e quase saiu calado da coletiva. Sentando junto aos vencedores, só foi questionado pelas mediadoras da conferência de imprensa. Mas ele pode dormir tranquilo porque seguiu direitinho o padrão de Veneza: não repetiu prêmios para o mesmo filme, não desagradou muita gente, e confirmou que ainda falta ao Festival de Veneza um presidente de júri que realmente saiba ousar.

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