Total de visualizações de página

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

'O Homem do Futuro'

As produções nacionais quando quer fazer direito, faz muito bem feito. Com certo tom de filme americano produzido fora de Hollywood, com suas virtudes e defeitos ‘O Homem do Futuro’ é um exemplo vivo de que filmes nacionais não precisam de violência ao extremo e muitos palavrões. Mesmo sendo uma Comédia Romântica bem previsível, o longa do diretor Claudio Torres não deixa a desejar em momento algum.

A história é focada em Zero (Wagner Moura), ele é um cientista amargurado pela humilhação sofrida pelo amor de sua vida, Helena (Alinne Moraes), quando ainda estavam na faculdade. Acidentalmente ele cria uma máquina do tempo e vai parar em 22 de novembro de 1991, à data da festa onde foi humilhado e respectivamente a data exata em que sua vida começou a ruir. Ele aproveita a oportunidade para encontrar sua versão mais jovem, de forma a ajudá-la a se tornar uma pessoa bem sucedida, e com Helena, no futuro. Zero retorna ao presente totalmente modificado e percebe uma realidade a qual não acreditava ser possível.

Pensou ou lembrou em ‘De Volta Para o Futuro’? Bom, não foi à toa, já que algo parecido acontece com Marty McFly em suas corridas pelo tempo a bordo do famoso Delorean. Não é a única semelhança. A primeira versão de Zero tem um ar de cientista maluco que lembra o Doc Brown de Christopher Lloyd, (só que mais raivoso). O longa dirigido por Robert Zemeckis nitidamente serviu como fonte de inspiração, também por ter se tornado o filme padrão quando se pensa em viagens no tempo. Nada mais natural, o cinema está repleto de citações e homenagens, intencionais ou não.

Wagner Moura como sempre está perfeito em seu papel, mas ah cada expressão de raiva do ator é impossível não lembrar do seu anti-heroi de ‘Tropa de Elite 1 e 2’. Wagner Moura por vezes exagera intencionalmente nos trejeitos de forma que o espectador consegue se identificar, de imediato, qual versão de Zero está em cena naquele momento. Um belo trabalho acompanhado pela linda Alinne Moraes, que, se não brilha tão intensamente, compõe bem o misto da sua beleza e espanto exigido de sua personagem. Por outro lado, há também a péssima atuação de Fernando Ceylão, sempre fora do tom em relação aos seus companheiros de cena. Mas, o que realmente deu muito certo foi à química entre Moura e Aline. O casal protagonista segura com perfeição o decorrer da trama.

O longa agrada em muitos detalhes, mas temos um tom de tortura ao ouvir Aline Morais destruir sem dó uma ótima música do Legião Urbana que sem dúvida, coube como uma luva para o filme. Duas participações especiais que não pode ser esquecido é de Maria Luísa Mendonça e alguns segundos de Gregório Duvivier, que vale a pena ser visto.

Posso afirmar que tudo é muito bem produzido, desde os competentes efeitos especiais até o grandioso cenário construído para o laboratório da máquina do tempo. O figurino ambientando os personagens dos anos 90 e também no futuro alternativo desenhado pelas mudanças provocadas por Zero é muito bem pensada. A trilha sonora é muito boa e bem pop, com destaque para “It’s the End of the World as We Know It (And I Feel Fine...)”, do R.E.M. e "Tempo Perdido" de Legião Urbana. Só que, por outro lado, o roteiro cai nos clichês das comédias americanas, com situações mal explicadas abandonadas no decorrer da trama. O uso da física como meio de provar a existência do amor dá uma falsa sensação de profundidade ao roteiro, apesar da mensagem final bem bacana sobre enfrentar as dificuldades da vida. Os furos presentes quando Zero retorna ao presente incomoda um pouco. As piadas funcionam tornando o longa ainda mais interessante, com uma ótima sequência de cenas.

O Diretor Claudio Torres, mais uma vez conseguiu agradar o espectador, depois do bom ‘Mulher Invisível’ seguida de uma minissérie dirigida por ele mesmo, ele agora mostra mais uma grande obra misturando ficção cientifica com o bom humor de comédia romântica. Para alguns pode até não agradar. Mas ‘O Homem do Futuro’ tem uma produção muito bem caprichada, bom ritmo de comédia romântica, e ostenta dignamente o enorme talento de Wagner Moura. Mas sem tirar o brilho de Alinne Moraes, uma presença linda, marcante, bem vista e bem-vinda no filme.

Recomendo!


Nota: 8



Título original: (O Homem do Futuro)
Lançamento: 2011 (Brasil)
Direção: Cláudio Torres
Roteiro: Cláudio Torres
Produção: Tatiana Quintella e Cláudio Torres
Duração: 106 min.
Gênero: Comédia Romântica/Ficção Cientifica
Estúdio: Conspiração Filmes / Paramount Pictures / Globo Filmes / TeleImage
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil


Elenco:

Wagner Moura (Zero)
Alinne Moraes (Helena Hope)
Maria Luísa Mendonça (Sandra)
Gregório Duvivier (Pedestre)
Fernando Ceylão (Otávio)
Jean Pierre Noher (Mayer)
Gabriel Braga Nunes (Ricardo)
Rodolfo Bottino


Curiosidades:

- 'O Homem do Futuro' foi o último filme contemplado no segundo Edital de 2009 e recebeu aporte de R$ 1.4 milhão;

- As filmagens duraram cerca de cinco semanas e foram usadas locações em Paulínia, Campinas, ambas em São Paulo, e no Rio de Janeiro;

- Durante as filmagens em Paulínia a equipe de produção (cerca de 100 pessoas) teve que se dividir, hospedando-se também em Campinas por falta de hotéis;

- Para a sequência de uma festa do filme foram selecionados mais de 400 figurantes;

- 'O Homem do Futuro' teve orçamento estimado de R$ 7 milhões;

2 comentários:

  1. Muito bom mesmo o filme, e concordo na parte que temos um tom de tortura ao ouvir Aline Morais destruir sem dó uma música do Legião Urbana.
    E recomendo o filme...
    Há e gostei do Blog.
    Parabéns..

    ResponderExcluir