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domingo, 31 de outubro de 2010

Quincas Berro D'Água de Sergio Machado e Walter Salles

O que eu acho uma injustiça é quando falam que o Brasil não produz filmes bons. Pior de tudo é ver fulano falando que não assiste a filmes nacionais por que é um lixo, mas nem vou culpar esses ignorantes da vida, afinal, é muito difícil ver um filme nacional nos cinemas, ainda mais quando poucos conhece.

Acabo de assistir uma adaptação do livro A morte e a morte de Quinca Berros D’Água um clássico do escritor Jorge Amado de 1958, o longa leva apenas o nome de Quinca Berros D’Água, direção de Sérgio Machado e produção executiva de Walter SAlles, o filme mostra que a obra do escritor baiano consegue levar para o público muito humor, com uma bela pitada de drama e romance.

Quincas Berro D’Água (Paulo José), é um simples boêmio convicto, amante da bebida, apaixonado pelos fiéis amigos cachaceiros e pelas alegres prostitutas. Quincas é um homem feliz demais para aceitar a morte justamente no dia de seu aniversário. Sendo assim, o seus amigos também se recusa a aceitar a morte do amigo antes da própria festa. Para eles aquilo era só uma brincadeira de Quincas. Na duvida, porque não ir para a farra? Mesmo morto, nosso boêmio não vai querer perder a “saideira” em grande estilo.

O filme, assim como o livro, é narrado pelo morto, que aproveita de sua “situação” para falar o que bem entende, com todos os palavrões a que julga ter direito e sem medir esforços para falar mal de todos (ou quase todos) que o cercaram durante sua vida. Suas palavras são ao mesmo tempo cômicas e cruéis, muito bem ditas pelo excelente ator Paulo José, que não precisa de mais do que expressões sutis para “dar morte” ao personagem-título.

O longa mostra um grande elenco, sem conta fotografia, trilha sonora, e belos efeitos especiais. Se ainda existe gente falando mal dos efeitos especiais no cinema brasileiro (outra injustiça), vale a pena ressaltar principalmente as cenas de tempestade em pleno oceano.

Recomendo mais esse filme dizendo que isso é mais uma grande prova que o Brasil também sabe fazer muito bem a sétima arte, o cinema brasileiro é fantástico assim como o quem vem de fora. É risada garantida, filme de primeira qualidade, cinema nacional de dar orgulho.

Por fim, termino com um verso narrado por Quincas Berro D’Água no filme:

“Cada qual que cuide do seu enterro
impossível, não há!
Sete palmos de terra, não vão me encarcerar
vaguei o sabor das ondas, num leito de espuma do mar
nem no céu nem no inferno, no mar é que eu vou morar
esperando Manoela no colo de Iemanjá.
Tristeza não paga divida, é ditado bem conhecido
só tem que chorar a morte, quem morreu sem ter vivido
pode guardar seu caixão pra melhor ocasião
não vou me deixar prender em cova rasa no chão
me enterro quando entender, na hora que resolver
não quero choro nem prece
não quero vela nem andor
pode enfiar tudo isso, no cú do comendador.”
(Jorge Amado 1912 - 2001)


Nota: 9








Paulo José (Quincas Berro D'Água)
Marieta Severo (Manuela)
Mariana Ximenes (Vanda)
Vladimir Brichta (Leonardo)
Flávio Bauraqui (Pastinha)
Irandhir Santos (Cabo Martim)
Luís Miranda (Pé de Vento)
Frank Menezes (Curió)
Othon Bastos (Alonso)
Walderez de Barros (Tia Marisa)
Mílton Gonçalves (Delegado Morais)
Carla Ribas (Otacília)
Germano Haiuti (Tio Eduardo)
Eurico Brás (Agenor)
Angelo Flávio (Zico)
Maria Menezes (Lolita)

Um comentário:

  1. eu tb achava que os filmes nacionais eram chatos mas depois de assistir filmes como cidade de deus, tropa de elite 1 e 3, os 2 filhos de francisco, entre outros e este mudei de idéia

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